A World Without Email: Reimagining Work in an Age of Communication Overload

A World Without Email: Reimagining Work in an Age of Communication Overload [Um mundo sem e-mail: Reimaginando o trabalho em uma era de sobrecarga de comunicação] ainda não está disponível em português, mas você já pode se beneficiar das observações precisas com que o cientista da computação Cal Newport defende que o descontrole de nossos inboxes coletivos ajudou a criar um estado de constante tormento na mente do trabalhador moderno. E como superar isso.

Um dos estudos citados por Newport é que os pesquisadores descobriram que um funcionário médio passa apenas 75 minutos ao longo do dia sem verificar seu email ou aplicativos de mensagem instantânea. O problema é que não somos bons em multitarefas, até fazemos, mas isso faz com que nosso cérebro atue com capacidade reduzida. Tentar fazer tarefas enquanto se verifica constantemente o email ou serviços de mensagens nos torna menos produtivos e mais estressados. Nas palavras de Newport, o email é ruim para nossos negócios e para nossas almas. A pergunta é: será que há um jeito melhor e mais racional de trabalhar?

A preocupação com o excesso de mensagens já está no radar de Newport há algum tempo. Tanto que em 2016 ele escreveu *Trabalho Focado: Como ter Sucesso em um Mundo Distraído*. O livro fez sucesso entre profissionais que buscavam aumentar sua produtividade ensinando-os como se concentrar numa única tarefa num ambiente em que a atenção se tornou comumente dispersa.

Como observa Clay Skipper, redator da GQ, Newport se tornou uma espécie de líder do pensamento no mundo tech e da produtividade. Mas ele reconhece que no primeiro livro cometeu o equívoco de acreditar que poderíamos simplesmente optar por mais foco. Conforme ele foi se aprofundando em questões como “por que perdemos tanto tempo no e-mail?”, ele percebeu que a situação é bem ruim. O autor argumenta que o email é “o principal responsável por criar o ambiente extremamente ruidoso - e às vezes frustrante - do trabalho de executivos”.

O uso frequente de serviços de mensagens cria uma sensação de ocupação sem fim em que nos dedicamos 3 minutos a uma coisa, 5 minutos a outra, 11 minutos a outra coisa. Se é inegável que o email resolve muitos problemas reais em favor da produtividade, os inboxes cheios causam também estresse e sobrecarga.

Apesar do título provocativo, o autor e professor titular de ciência da computação na Universidade de Georgetown, não propõe que acabemos com o email. Como bem descreve Skipper, o livro “é sobre reimaginar um mundo em que não afundamos em uma areia movediça da comunicação”. O que Newport propõe é que esse é o momento de repensar o trabalho.

Para explicar como uma ferramenta tão útil se tornou símbolo do caos, o autor recorre a uma filosofia chamada determinismo tecnológico – nada mais que a ideia de que o comportamento humano é definido pela tecnologia, muitas vezes de formas imprevisíveis. Dando como exemplo o botão de curtir no Facebook, ele mostra como um recurso pode adquirir propriedades totalmente novas e imprevisíveis ao longo do tempo. Um dos efeitos imprevisíveis do email foi que ele não apenas substituiu a comunicação analógica ou telefônica, ele multiplicou essa comunicação. Um estudo feito na IBM nos anos 80 mostrou que os empregados passaram a se comunicar cinco a seis vezes mais do que na época antes do e-mail.

Foi no começo da década de 1990 que o email se tornou lugar comum em todos os escritórios, mas o ambiente de trabalho em 2021 é um lugar completamente diferente. “É um cenário em que o trabalho é desenvolvido como um fluxo ampliado, infinito e desestruturado de mensagens, uma dinâmica que denominei de mente coletiva hiperativa”, escreve Newport.

Isso explica, sugere ele, porque vem surgindo uma onda contrária à “produtividade” durante a pandemia. Algo parecido com o movimento de resistência contra as ideias de hipereficiência defendidas pelo engenheiro Frederick Taylor Winslow, no século 20. Mas ele diz que esse movimento pode ser o primeiro sinal acerca da consciência dessa hiperatividade e da necessidade de dar os primeiros passos na direção de um ambiente de trabalho melhor.

Newport sugere soluções potenciais nos últimos três capítulos do seu livro. Soluções que passam por “instituir melhores processos e protocolos organizacionais para a forma como o trabalho e a comunicação acontecem”, adoção de quadros de tarefas (como o Trello, por exemplo) em que o foco está no que precisa ser feito. Isso substituiu a sensação de ocupação sem fim pelos resultados efetivos do trabalho.

Clay Skipper observa acertadamente que as sugestões de Newport exigem uma boa dose de autonomia. O próprio autor reconhece que suas soluções não servem para todos. Afinal, não podemos subestimar o fator complicador de tudo isso. Como bem disse Merlin Mann, “o e-mail não é um problema técnico. É um problema de gente. E você não pode consertar as pessoas”.

No entanto, o livro de Newport tem uma série de soluções úteis e criativas para reduzir o desperdício de tempo e energia. Obviamente, algumas das sugestões vão requerer alguns grandes atos de fé por parte das pessoas com poder para tomar essas decisões - seu chefe e o chefe de seu chefe.

Como aponta Skipper, paciência e sanidade não são as marcas do trabalho moderno. Mas Newport advoga que podem ser. No mínimo, esse livro é bem-sucedido em fornecer uma lente por meio da qual podemos examinar melhor o que muitos de nós sentimos ser uma maneira um tanto enlouquecedora de trabalhar.

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