
A ARTE SUTIL DE TOMAR DECISÕES

Chega a ser inusitado, mas – por muitas vezes - somos todos irracionais. É claro que preferimos pensar que somos pessoas racionais, mas todos nós cometemos erros mentais. Por muito tempo, economistas e pesquisadores acreditavam que os seres humanos tomavam decisões lógicas e ponderadas.
Nas últimas décadas, entretanto, descobriram uma ampla gama de erros mentais que nos levam a tomar decisões erradas.
Psicólogos comportamentais adoram descobrir esses diferentes erros mentais. Por isso, vou abordar nesse artigo as falhas que desviam os nossos pensamentos, aparecem com mais frequência em nossas vidas e atrapalham as nossas escolhas.
Esse artigo nos ajudará a tomar decisões sobre trabalho, consumo, investimentos e demais aspectos da vida.
SUCESSO VERSUS FRACASSO
O viés de sobrevivência significa que, como no dia a dia o sucesso produz maior visibilidade do que o fracasso, você superestima sistematicamente a perspectiva de sucesso. Principalmente, na Era das Redes Sociais.
Por exemplo, pode haver vários atletas de basquete que treinam tão forte como o ídolo LeBron James, mas que nunca chegaram a NBA. O problema é que ninguém quer saber das histórias dos esportistas que não atingiram o topo, ignorando o fato de que as mesmas estratégias podem não funcionar para a maioria das pessoas. Nem todos são LeBron James, Richard Branson ou Mark Zuckerberg...
Quando os vencedores são lembrados e os perdedores são esquecidos, fica muito complicado afirmar se uma determinada estratégia leva ao sucesso ou ao fracasso.
Outra amostra: os índices Dow Jones ou Ibovespa consistem apenas de ações de empresas sobreviventes. De fato, em um índice de ações não são representados os fracassados nem as empresas que não cresceram — ou seja, a maioria. Logo, ao contrário do que sugere o destaque dado pela imprensa, um índice de ações não é representativo para a economia de um país.
Não devemos, portanto, superestimar sistematicamente a probabilidade de sucesso. Como contramedida, conheça o máximo que puder as sepulturas dos projetos, dos investimentos e das carreiras que um dia foram muito promissoras. É uma viagem triste, mas super instrutiva.
AVERSÃO À PERDA
Refere-se à nossa tendência em preferir evitar perdas em relação à aquisição e ganhos. Pois é, se alguém lhe der R$ 10, você experimentará um pequeno impulso de satisfação, porém, se perder os mesmos R$ 10, sentirá uma insatisfação dramaticamente maior.
Isto é, a dor da perda é maior do que a satisfação do ganho do mesmo dinheiro.
A aversão à perda nos faz tomar decisões irracionais, sem considerar logicamente os prós e contras de uma situação. Isso pode levar um gestor ou líder a um viés comportamental sem qualquer tipo aparente de motivo ou coerência, prejudicando o trabalho de diversos profissionais e também os resultados da empresa.
Ninguém está imune aos erros desse tipo.
HEURÍSTICA DA DISPONIBILIDADE
Esse desvio cognitivo refere-se a um erro comum que o cérebro comete ao assumir que os exemplos que vêm à mente com maior facilidade são as situações mais importantes ou prevalentes, ao invés de examinar todas as alternativas.
Um exemplo clássico são os ataques de tubarão. O filme Jaws, do diretor Steven Spielberg, contribuiu muito para formar a imagem assustadora dos predadores marinhos. Aliado a isso, escutamos na mídia diversos casos de ataques em Recife, onde foram contabilizados 60 ataques com 24 mortes nos períodos de 1992 até 2016.
Assim, o medo só aumenta. Pela repercussão que os casos têm na mídia, somos induzidos a um viés de disponibilidade (memória) em que tubarão seria o animal mais perigoso para os seres humanos.
Porém, as estatísticas não mentem. Para se ter ideia, um ranking divulgado pelo site "Não Acredito" mostra que o tubarão aparece em 20º lugar numa lista de animais mais perigosos para os seres humanos. Fica difícil de acreditar que tubarões matem apenas 10 pessoas por ano em todo o mundo.
COMPORTAMENTO DA ANCORAGEM
Acontece quando usamos algum dado como referência para a tomada de decisão, independentemente de ele ser relevante para aquele momento. A informação ‘ancora’ a sua decisão. Se antes de investir, por exemplo, somos expostos a palavras como “promoção” ou “oferta”, esses conceitos podem direcionar a avaliação que realizamos do investimento nesse caminho.
Sabe quando o gerente do banco manda um e-mail dizendo que tem um “excelente investimento” para recomendar? O objetivo é justamente que você perceba a recomendação como excelente antes mesmo de analisar o investimento.
A ancoragem é muito utilizada em preços de produtos. Pense assim, se o preço de uma determinada camisa nova for de R$ 100, talvez esse valor seja caro para você. No entanto, se você entrar em uma loja e se deparar com uma camisa de R$ 1.000, para depois encontrar a de R$ 100, ela provavelmente não parecerá tão cara, e muitas vezes, bem razoável.
Enfim, esse viés descreve a tendência humana de confiar demais na primeira informação recebida (a ‘ancora’) ao tomar decisões.
VIÉS DA CONFIRMAÇÃO
A grande causa de nossas decisões irracionais. Provavelmente, esse viés é o maior culpado não só pelas discussões em família, mas de grande parte das péssimas escolhas existentes no mundo. A questão é a seguinte: a maioria das pessoas não aceita informações novas, pois querem informações que validem as suas crenças.
O viés de confirmação refere-se à nossa tendência de buscar e favorecer informações que confirmem o que acreditamos ser o correto e, ao mesmo tempo, ignorar ou desvalorizar informações que contradizem isso.
Cada um de nós possui uma tendência muito forte de enxergar o lado de uma discussão que traga mais validade ao que acreditamos.
COMO EVITAR TUDO ISSO?
É uma pergunta justa, mas a resposta não é tão simples assim.
É fundamental saber que os atalhos do cérebro não são úteis em todos os casos. Existem muitas áreas do cotidiano em que todos os processos mencionados aqui são essenciais. Você não pode eliminar esses mecanismos de pensamento.
O problema é que nossos cérebros são tão bons em executar essas funções – eles entram nesses padrões tão rapidamente e sem esforço – que acabamos usando-os em situações erradas. Em casos como esses, a autoconsciência é, com frequência, uma de nossas melhores opções.
Compreender todo esses vieses cognitivos torna-se especialmente relevante em um mundo com ênfase em economia comportamental e de informação plenamente disponível, de forma instantânea e gratuita.
Algumas habilidades que se espera de um profissional diferenciado:
1 – Habilidade de evoluir e aprender continuamente ao longo da vida, ampliando a sua própria consciência acerca dos mecanismos;
2 - Capacidade analítica para resolver problemas práticos, ou seja, embasado no conhecimento do método científico e na familiaridade com pensamentos críticos, desenvolva o domínio de raciocínios abstratos sofisticados;
3 - Efetividade em juntar diferentes áreas do saber e das artes, com especial disposição para a área de gestão de informações;
4 - Efetiva habilidade de comunicação, sabendo lidar com pessoas e a negociar com flexibilidade e competência em todos os contextos;
5 - Inteligência emocional desenvolvida, incluindo perseverança, empatia, autocontrole e capacidade de gestão emocional coletiva;
6 - Disposição plena para o cumprimento simultâneo de multitarefas, propiciando capacidade de análises apuradas e de tomada de decisões;
7 - Competência em colaborar em equipe de forma produtiva, sendo respeitoso e cordial, entendendo as características individuais e as peculiaridades das circunstâncias, promovendo ambientes criativos e empreendedores, resultantes de processos coletivos e cooperativos.
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